sábado, 8 de março de 2008

De facto, é, contemporaneamente, feita uma associação do velho ao inútil, feio, estorvo e acabado, e, naturalmente, ninguém tem vontade de se encontrar nessa posição. Assim, porque não utilizar as tecnologias disponíveis no sentido de parecer mais jovem, de parecer irmã da minha filha? Porque não utilizar essas tecnologias para escolher o corpo que mais desejo como se de uma busca de um corpo à la carte se tratasse? Com efeito, o tempo somatiza-se modificando de tal forma as nossas formas corporais que basta a imagem destas para que consigamos perceber a idade do outro. E, referindo Garcia e Lemos (2005), na busca incessante da eternidade, o homem moderno tudo faz para que não se evidencie as permanentes marcas do tempo, tentando assim iludir aquilo que é inexorável e, até hoje invencível (referimo-nos aqui à coordenada antropológica tempo que, ao contrário da coordenada espaço, não foi, ainda, controlada pelo homem). Por outro lado, o desporto, contemporaneamente, multiplicou-se e começou a considerar, de igual modo, práticas onde a estética surge sem receios ou falsos pudores (Garcia e Lemos, 2005). Nestas incluímos, tanto as novas modalidades de fitness, como a aeróbica, o Body Combat ou o Pilates, como aquelas mais tradicionais que competem na busca da sua estetização, como é o caso do voleibol (com a alteração de forma substancial das formas da indumentária) ou o ténis (com a aparição destas jovens jogadoras do Leste da Europa).
Então, reflectindo, será o corpo, no desporto contemporâneo, visto enquando meio para alguma prática ou será exaltado apenas como um fim?

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