sábado, 15 de março de 2008

Aluguer e hipoteca de valores (excerto)

A necessidade de jogar futebol, cair, rasgar um joelho, torcer um pulso, jogar basquete, ir a praia está a ser esquecida pelos que planeiam o nosso ensino e parece que tudo é substituível por um processador, placa gráfica, ecrã, teclado e rato. Está muito errada esta concepção. As novas tecnologias, ainda que essenciais, não devem ser assumidas como, sequer, importantes para o crescimento saudável de uma criança. São, somente, um instrumento que facilita e torna mais rápidos alguns dos nossos objectivos.

A falta de cultura da escola preocupa-me, igualmente. Não se vê a necessidade de ir a Serralves, saber quem é o Richard Serra, ou a M. H. Vieira da Silva, de ir a Casa da Música para conhecer a música clássica, o jazz, o rock, o popular e a electrónica, nem de ir a Casa das Artes, ou do Cinema. Ninguém pensa hoje levar os alunos de uma escola a conhecer as origens da cidade do Porto. Nada interessa para além dos electrões, da Arquitectura Românica, das nuvens na geografia e temperaturas médias anuais. Mas convençam-se de que isso não vale nada. Que aí está a origem da ‘estupidificação’ da nossa sociedade.

O País está a ser incompetente nas oportunidades que dá aos seus jovens porque não os conduz à multiplicidade, multiculturalidade, diversidade, pluralidade e porque promove uma cultura ‘plastic and fast’. Está a demitir-se de oferecer oportunidades porque é mais fácil o que está mais evidente.
Pedro Bragança

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