sábado, 27 de setembro de 2008

Esta profissão que escolhi - Professora

Se nos deixassem falar, nós diríamos o que nos vai na alma "Deixem-nos exercer a nossa profissão com dignidade. Nós queremos, realmente, ensinar, contribuir para o crescimento cultural, cívico e moral dos nossos alunos. Estratégias mais modernas ou mais antigas, maior ou menor recurso às tecnologias, mais ou menos formação - todos nos preocupamos e fazemos o nosso melhor para que o conhecimento chegue aos jovens! A imagem que os políticos construiram dos professores não corresponde à verdade! Nós não somos incompetentes! Nós gostamos de ensinar (ainda!), de ver os nossos alunos crescer, de os ver entrar nas faculdades ou arranjar o primeiro emprego. Nós gostamos de olhar para eles e ver o resultado do nosso esforço! Nós gostamos de os ver cidadãos bem formados, empenhados e participativos. Engenheiros ou técnicos, empresárias ou secretárias, nós queremos vê-los trabalhadores felizes e capazes!
Nós somos uma classe de respeito como todas as outras, e queremos ser tratados como tal. Nós não somos culpados dos males da sociedade! Nós queremos construir uma sociedade melhor! Não é isso que está implicito nesta profissão?

Texto de Daniel Oliveira, no expresso

"RANKINGS E XANAX

Esta semana evite a companhia de professores. Falar com qualquer um deles pode deixá-lo em mau estado. Vivem, nos dias que correm, em depressão colectiva. A sucessão de reformas, contra-reformas e contra-contra-reformas, a destruição do que se foi fazendo de bom - do ensino especial ao ensino artístico -, a incompetência desta equipa ministerial e o linchamento público de uma classe inteira tem os resultados à vista: as aulas recomeçam com professores tão motivados como um vegetariano perante um bife na pedra.

Sabem que os espera apenas uma novidade: a avaliação do seu desempenho. E é, ao que parece, tudo o que interessa a toda a gente: a avaliação dos professores, a avaliação dos alunos, a avaliação das escolas, a avaliação do sistema educativo português.

Tenho uma coisa um pouco fora do comum para dizer sobre o assunto: a escola serve para ensinar e aprender. Se isto falha, os exames, as avaliações e os "rankings" são irrelevantes. Talvez não fosse má ideia, enquanto se avaliam os professores, dar-lhes tempo para eles fazerem aquilo para que lhes pagamos em vez de os soterrar em burocracia. Enquanto se exigem mais e mais exames, garantir que os miúdos aprendem com algum gosto qualquer coisa entre cada um deles.

Enquanto se fazem "rankings", conseguir que a escola seja um lugar de onde não se quer fugir. E enquanto se culpam os professores pelo atraso cultural do país, perder um segundo a ouvir o que eles têm para dizer. Agora que já os deixámos agarrados ao Xanax, acham que é possível gastar algumas energias a dar-lhes razões para gostarem do que fazem? Se não for por melhor razão, só para desanuviar o ambiente nos edifícios onde os nossos filhos passam uma boa parte do dia."
"RANKINGS E XANAX

Texto de Daniel Oliveira, no Expresso.

Esta semana evite a companhia de professores. Falar com qualquer um
deles pode deixá-lo em mau estado. Vivem, nos dias que correm, em
depressão colectiva. A sucessão de reformas, contra-reformas e
contra-contra-reformas, a destruição do que se foi fazendo de bom - do
ensino especial ao ensino artístico -, a incompetência desta equipa
ministerial e o linchamento público de uma classe inteira tem os
resultados à vista: as aulas recomeçam com professores tão motivados
como um vegetariano perante um bife na pedra.

Sabem que os espera apenas uma novidade: a avaliação do seu
desempenho. E é, ao que parece, tudo o que interessa a toda a gente: a
avaliação dos professores, a avaliação dos alunos, a avaliação das
> escolas, a avaliação do sistema educativo português.
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> Tenho uma coisa um pouco fora do comum para dizer sobre o assunto: a
> escola serve para ensinar e aprender. Se isto falha, os exames, as
> avaliações e os "rankings" são irrelevantes. Talvez não fosse má
> ideia, enquanto se avaliam os professores, dar-lhes tempo para eles
> fazerem aquilo para que lhes pagamos em vez de os soterrar em
> burocracia. Enquanto se exigem mais e mais exames, garantir que os
> miúdos aprendem com algum gosto qualquer coisa entre cada um deles.
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> Enquanto se fazem "rankings", conseguir que a escola seja um lugar de
> onde não se quer fugir. E enquanto se culpam os professores pelo
> atraso cultural do país, perder um segundo a ouvir o que eles têm para
> dizer. Agora que já os deixámos agarrados ao Xanax, acham que é
> possível gastar algumas energias a dar-lhes razões para gostarem do
> que fazem? Se não for por melhor razão, só para desanuviar o ambiente
> nos edifícios onde os nossos filhos passam uma boa parte do dia.
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