William Turner, National Gallery
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar."
Miguel Torga - 1962
2 comentários:
Olá Etelvira!
Parabéns pelo teu blog (A viagem). Gosto!
Quando o caminho que traçamos é duro e o desalento me invade, vem-me à memória este poema de Sebastião da Gama, muito conhecido mas cheio de sentido(s, que para nós, professores, fazem muito "sentido"!
«O Sonho
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.»
in "Pelo Sonho é que Vamos", Sebastião da Gama
Da viagem
ficam gravados
os rostos e as histórias,
os lugares e as memórias,
os afectos ternurentos
dos que nos dão alento
para continuar a lutar,
contra a maré,
mas com muita fé,
porque dela se faz a força
que nos trouxe até aqui
e nos há-de levar em frente,
porque a vida é um repente
que convém não desperdiçar.
Parabéns, Etelvira
Da amiga e companheira de viagem
Ana Maria Coelho
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